A variante Delta foi detectada pela primeira vez na Índia, em dezembro de 2020. No Brasil, os primeiros casos começaram a ser reportados em meados de junho deste ano. Desde então, tornou-se a variante mais comumente encontrada no País em detrimento da variante P1 (gama). 

A transmissibilidade dessa variante é cerca de duas vezes maior que as variantes anteriores. A carga viral em pacientes com infecção por variante Delta é cerca de 1,26 vezes maior quando comparada com outras variantes, como Alfa e Gama. 

Em pacientes não vacinados, estudos sugerem maiores taxas de hospitalização. Já em indivíduos vacinados, a maior preocupação é devido à maior transmissibilidade, uma vez que não há evidência de maior morbimortalidade nessa população. Pacientes vacinados parecem disseminar o vírus por um tempo bem menor quando comparado com os não vacinados. 

Uma linhagem sub-variante da Delta, recentemente designada AY.33, contém quatro mutações nos genes da proteína S: S:29A, S:250I, S:299I, S:613H. Essa sub-variante tem sido reportada em diversos países da Europa, especialmente Dinamarca, Alemanha e Suécia. Recentemente, em Belém do Pará, foi reportada essa sub-variante e ficou a preocupação se os testes disponíveis de RT-PCR seriam capazes de identificar esta nova cepa. 

Grande parte dos ensaios de RT-PCR disponíveis no mercado nacional tem como alvo dois genes, incluindo o Nucleocapsídeo. As mutações desta sub-variante acometeram o gene da proteína S. Teoricamente os ensaios que contemplam dois alvos são capazes de detectar a sub-variante. 

Porém, é importante que continuemos a vigilância epidemiológica no País com a realização da genotipagem de parte dos casos positivos para que possamos evidenciar o potencial avanço desta nova linhagem (AY.33) pelo País. E que os laboratórios clínicos do Brasil possam realizar validações específicas de suas metodologias frente a esta nova variante e outras que possam surgir. 

Todo esforço dos diferentes players do mercado do diagnóstico in vitro, destacando o trabalho incansável dos analistas, médicos e pesquisadores da nossa Medicina Laboratorial, continua sendo fundamental para continuarmos nesta batalha contra o SARS-CoV-2.